Blog do Fábio Nougueira
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
terça-feira, 18 de outubro de 2011
SOBRE FÁBRICA DE CHOCOLATE
FÁBRICA DE CHOCOLATE
O grupo se reuniu pela vontade do fazer teatral
através do desejo do diretor, Fábio Nougueira, de montar Fábrica de Chocolate,
de Mário Prata, pela segunda vez (a primeira foi em 1986). Um desafio para
qualquer companhia teatral, principalmente nos dias de hoje, onde o tema é
abordado apenas em salas de aula.
A peça, encenada pela primeira vez em 1979, aborda,
numa primeira visão, a ditadura militar. Mas, não pelos olhos sofridos dos
torturados e sim pelas mãos firmes dos torturadores. As mesmas mãos que abrem
um livro para ler, que apertam o botão do controle remoto da televisão,
acariciam a face da esposa, do marido, e as mesmas que embalam o filho.
É nessa via de raciocínio que, durante ensaios e
reuniões, a Theatro 2 Produções trabalhou o texto para os dias atuais. Na época
da Ditadura, o torturador não tinha nome, mas possuía forma, até endereço
conhecido; hoje, a Ditadura existe, com outras formas diversas, no entanto, os
torturados não a querem mais ver, preferem a submissão calada.
O diretor não queria repetir a fórmula da primeira
produção. Desta vez concebeu a montagem tentando materializar a forma com que
as pessoas torturadas viam seus torturadores, e as salas, nos momentos em que
eram violentadas em seus direitos como cidadãos e como seres humanos.
A Cia acredita que é através de uma montagem «suja»
que procura demonstrar como a Ditadura se transformou em vários rostos na
multidão, como se camuflou no trabalho, em valores, dia a dia, e em modismos.
Ela pode estar ao seu lado e você a cumprimenta e pede para entrar em sua vida.
Contudo, aos que insistem que a velha Ditadura
morreu em 1985, enganam-se. Até o momento, assistimos famílias desejosas sobre
o paradeiro, o que teria acontecido com
seus entes desaparecidos? Essa, também é uma forma de tortura, que ultrapassa
décadas e atinge o século XXI.
Mário Prata concebeu a idéia de Fábrica de Chocolate
no dia do enterro de Vladimir Herzog, contou em uma reportagem que foi através
das perguntas: «quem são esses caras;
como é que eles se comportam entre eles numa hora dessas em que tem que
montar toda uma encenação para produzir um suicídio?».
Através de todo esse molde, a Theatro 2 estruturou
seu espetáculo em três planos no palco. No primeiro, uma mesa, dois banquinhos,
uma estante com os objetos de tortura: o plano da realidade, onde ocorre todo o
texto. No segundo, seis banquinhos se fazem visíveis, onde ficam outros
personagens, criados pelos atores e auxiliados pelo coreógrafo João Butoh. Alí
ficam, antes de entrarem em cena, cada um utiliza uma marmita, que contém uma gosma, ingerida e
regurgitada em cenas específicas do plano um. No terceiro, atrás de uma
«cortina» de radiografias, é a sala de tortura e também para onde os personagens
vão ao interim de uma cena para outra. Esse espaço serve igualmente para
momentos nada realistas, de absoluto expressionismo, que refletem algumas
encenações e inconsciências do plano um. Para o público, a montagem se revela
em um jogo de luzes chapadas e de sombras vivas, onde existem três planos que
se interagem, ainda que separados. Os atores não saem do palco. Os elementos do
cenário são escassos, o que propicia a elevação do trabalho dos atores. O
figurino segue a mesma linha de escassez. Os seis atores vestem bermudas e
camisetas sujas e um gorro de meia, além dos pares de botas.
O intuito da montagem, quanto aos personagens, foi
de total liberdade, em contra partida ao texto duro e altamente forte, que traz
a idéia de prisão e violência.
A proposta dessa Fábrica de Chocolate não é chocar,
é proporcionar um momento de reflexão, de exame da questão em que várias
pessoas tomam parte num pós-espetáculo.
A Ditadura ainda pulsa vertiginosa. Mesmo em sua
primeira montagem, ela se revelava de uma vida grotesca e longa nas palavras de
Ruy Guerra, diretor da montagem de 1979: «Quando um homem se avilta, aviltando
outro homem, todos nós somos esses dois homens. E para recusarmos essas duas
faces, para cunharmos uma nova moeda, Mário Prata procurou compreender e
mostrar o lado mais infamante. O lado dos torturadores. O torturado é um
resultado, não um ponto de partida.»
Gisele Galindo
INFORMAÇÕES: 3226.3399 - 9143.6899
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Porque saí do TWITTER

No final do ano de de 2008 abandonei o ORKUT e também o tal MSN. Os motivos principais: a invasão de privacidade, e o medo do vício.
Recentemente o amigo Sinomar Calmona me convidou a abrir uma conta no Twitter. Após um período de resistência, terminei aceitando o convite, e confesso que fiquei fascinado com as possibilidades dessa nova ferramenta do mundo moderno.
Com quase 250 seguidores, pessoas que conheço pessoalmente e outras que conheço apenas através do Twitter, sempre busquei escrever sobre assuntos que pudessem contribuir com a informação ou com discussões sadias na busca de uma evolução como pessoa. Algumas vezes cometi deslizes, sei bem disso.
A grande realidade é que com essa "arma" na mão, nós podemos terminar nos mostrando diferentes da forma que sempre nos apresentamos. E foi a partir disso que comecei minha saída do Twitter. E em alguns momentos me vi em um atrito interno devido certas posições de amigos ou de pessoas por quem nutro carinho e respeito.
A porta de saída foi aberta ainda mais quando assuntos como o BBB começaram a se tornar em maior quantidade, e críticas irresponsáveis a pessoas e ações eram postadas de forma leviana.
Claro que não me refiro à totalidade das pessoas que passei a seguir. Muitos podem questionar sobre a minha liberdade de seguir ou não alguém. Porém a pessoa pública muitas vezes não pode tentar se separar da não pública.
O Twitter também tem se transformado em um divã, e em alguns momentos num ringue de ataques pessoais, velados ou não.
Finalmente, o que mais pesou: a importância ímpar que os amigos têm em minha vida. Meus amigos são muito melhores do que qualquer ferramenta virtual.
É isso!!!
domingo, 13 de dezembro de 2009
E eu?
Meu poeta maior

Para os que virão
Como sei pouco, e sou pouco,
faço o pouco que me cabe
me dando inteiro.
Sabendo que não vou ver
o homem que quero ser.
Já sofri o suficiente
para não enganar a ninguém:
principalmente aos que sofrem
na própria vida, a garra
da opressão, e nem sabem.
Não tenho o sol escondido
no meu bolso de palavras.
Sou simplesmente um homem
para quem já a primeira
e desolada pessoa
do singular - foi deixando,
devagar, sofridamente
de ser, para transformar-se
- muito mais sofridamente -
na primeira e profunda pessoa
do plural.
Não importa que doa: é tempo
de avançar de mão dada
com quem vai no mesmo rumo,
mesmo que longe ainda esteja
de aprender a conjugar
o verbo amar.
É tempo sobretudo
de deixar de ser apenas
a solitária vanguarda
de nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
(Dura no peito, arde a límpida
verdade dos nossos erros.)
Se trata de abrir o rumo.
Os que virão, serão povo,
e saber serão, lutando.
THIAGO DE MELLO
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